Pegando na ideia dos manuais escolares que finalmente vieram para casa, achei que seria uma boa oportunidade para dissertar sobre eles...
Os manuais escolares foram comprados, dei-lhes uma vista de olhos e desde que foram para a escola no início das aulas, nunca mais regressaram a casa. Em bom rigor, comprei uma mochila à minha filha que transportou todos os dias nada mais nada menos do que o lanche e uma pasta de cartolina com meia dúzia de folhas e a caderneta. Tanto ouvi dizer que as crianças carregam toneladas às costas e felizmente nada disso se verificou na nossa escola, assim como em todo o agrupamento pelo que oiço dizer - o que é excelente!
Embora os livros de Língua Portuguesa e Matemática viessem (raramente) para casa para TPC de fim-de-semana, só agora, com o fim das aulas é que me tenho debruçado mais em "estudá-los". A nossa professora usou vários manuais com os garotos e creio que terá sido também por esse motivo que os nossos manuais ficaram com muitos exercícios por fazer e que vamos aproveitar as férias para os completar. Relembrando todos os trabalhos de casa que fizemos, tanto dos manuais adoptados como de outros anteriores creio que de um modo geral há demasiadas falhas. Falhas nos enunciados, falhas na lógica dos exercícios, muitas ambiguidades e até exercícios que estão descontextualizados relativamente aos conhecimentos dos alunos.
Creio que no início do ano, em que (em teoria) nenhuma criança sabe ler e escrever, apareceram muitos enunciados com "escreve isto ou aquilo" quando na realidade a criança não sabe nada de nada. Como pode a criança escrever "três" quando não sabe o que é o "t" ou o "^", quando não sabe ligar as letras. Fará sentido ter enunciados escritos logo no início do programa? Fará sentido aparecer um quadrado desenhado num enunciado quando é pedido à criança o "valor de uma área"? (mas afinal o que é a área, mãe?)
Estes são pequenos exemplos de coisas que vi e que são transversais a todos os manuais actuais e um pouco mais "antigos" (5 anos...talvez), de várias editoras.
Da maneira que os exercícios são expostos, é quase impossível que uma criança, em fase de alfabetização, consiga (sozinha) resolver seja o que for. Não podiam os livros ser mais sintéticos, ou seja, focarem-se mais em icons em vez de redigirem enunciados que os garotos não têm ainda capacidade de ler e até interpretar? Sei lá, podiam estar mais interligados, ou seja, ao mesmo tempo que em Língua Portuguesa fossem dadas determinadas informações às crianças, os livros de Matemática e Estudo do Meio também evoluíam no vocabulário e deixavam caír os símbolos, podia ser um caminho... Eu não gosto muito de evocar outros tempos, sobretudo o tempo em que os nossos pais andaram na escola, no entanto, acho que para uma criança do 1º ano, faria todo o sentido haver apenas um manual escolar* onde em simultâneo fossem abordados todos os temas de acordo com o progresso da alfabetização. Fica a ideia e a reflexão...
* não me refiro a um "livro único nacional", mas sim, a possibilidade de uma editora qualquer ter apenas um manual em vez de 3 manuais + 3 livros de fichas
E depois como iam eles fazer render o peixe (livros)?
ResponderEliminarA qualidade dos textos tb deixa a desejar...
Essa questão dos livros não é nova e tende a piorar... sabes bem porquê. Deve ser por isso que a professora mal os usou e procurou fazer outros exercícios.
ResponderEliminarde acordo com as questões dos livros. Relativamente ao peso é de facto assim em todas as escolas por aqui mas no 1º ciclo. Passando para o 2º (5º ano) verás a barbaridade de peso que carregam e a quantidade de coisas, sacos e saquinhos (só pra veres tinha Ed. Fisica 4dias por semana) ...é inacreditável...mesmo! Tive a minha filha este ano no 5º ano e ainda nao acredito que ng diga ou faça nada relativamente a este absurdo. Toda a gente reclama mas continua tudo igual e os profs parecem verdadeiramente alheados de tudo isto exigindo que carreguem todos os livros da disciplina constantemente.
ResponderEliminarConcordo completamente com a questão dos enunciados. A quantidade de vezes que tive que ler e reler enunciados para perceber o que estavam a pedir às crianças. Muito ralhei eu, sozinha, com as editoras. Às tantas a minha filha já se ria comigo quando não percebia os enunciados.
ResponderEliminarainda agora estamos a fazer os exercícios desde o início, os tais que ficaram por fazer, e embora sejam básicos acho que estão formulados de um modo muito esquisito e pouco perceptível. não havia necessidade... :D
ResponderEliminarConcordo inteiramente.
ResponderEliminarNo nosso caso, com a agravante de que os livros passearam de casa para a escola e vice-versa o ano inteiro! Talvez a única vantagem tenha sido apenas essa situação de terem feito todos os exercícios...