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29 de julho de 2017
Filhos fora, tempo de sobra
Chegámos ao fim de julho e a mim parece-me quase véspera de fim de ano, tal a azáfama dos últimos meses, que foram apenas os primeiros do ano. Terminada a escola, a música, a dança, a piscina e todos os compromissos com as crianças, ficámos nós a finalizar coisas pendentes no trabalho para em breve podermos partir uns dias e arejar as vistas. Providencialmente a avó ofereceu-se para ficar com as crianças uma, duas, três noites, as que precisássemos para orientar tudo e a verdade é que aproveitámos.
Estar em casa sem as crianças é cá uma diferença que não me canso de ficar surpreendida com este fenómeno. Sabendo que elas estão entregues e bem, nós assumimos um papel totalmente oposto ao costume. Comemos a horas impróprias, comemos qualquer coisa e de preferência no sofá, a loiça fica a acumular na banca e depois é este silêncio ao qual não estamos minimamente habituados. Ficamos apenas suspensos a contemplar a casa em total silêncio. Sobra tempo para sair, para trabalhar, para vaguear pela casa, é um sentimento de soltura, de despreocupação com o qual já quase não sabemos lidar! Acho que em tempos já devo ter escrito sobre isto mas é de facto uma coisa que me questiono sobre "e se tivéssemos optado por não ter filhos?", teríamos essa percepção do tempo que consumimos connosco e com os outros? Saberíamos dar valor ao nosso tempo? Eu quando era nova achava que era sempre muito ocupada, que tinha muita coisa para fazer, mas sem dúvida nenhuma imaginei que a minha vida fosse tão ocupada como agora. A minha cabeça não para de planear os dias, levar e este e aquele, pensar em trajetos mais curtos, mais rápidos, mais eficientes. Supermercado, compromissos, problemas no trabalho, trabalho que se traz para casa, um sem fim de tarefas... Mas embora haja alturas em que me questiono se isto tudo vale a pena, todas as preocupações, a ginástica financeira, a ginástica mental, as escolhas que fazemos quase nunca nos levam ao arrependimento. Até podemos ter dúvidas ocasionais, mas arrependimento, para já não!
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