29 de agosto de 2017

Leitura do último mês - Mataram a Cotovia



(adorei a personagem Dill)


Ultimamente tinha ouvido aqui e ali algumas referências sobre este livro, investiguei um pouco sobre a história mas sobretudo sobre a autora. Creio que na maior parte das vezes, dou preferência a um livro ou mesmo a um filme não tanto pela história mas por quem está por detrás da ficção. Achei então curioso que Harper Lee apenas tivesse escrito um livro e que justamente recebeu logo o Pulitzer por esse mesmo livro e depois disso (e da adaptação do livro ao cinema) recolheu-se ao silêncio. Há pouco tempo, mais precisamente há um ano, editaram um segundo livro da autora, que pelos vistos até é o primeiro mas conta a história da Scout (personagem principal e narradora de Mataram a Cotovia) já adulta e de regresso à terrinha.

Pus-me então a desbravar o Mataram a Cotovia e gostei muitíssimo. FINALMENTE um autor estrangeiro que me manteve agarrada ao livro. A história está dividida em duas partes, sendo a primeira um longo desenvolvimento de todas as personagens e com breves indícios daquilo que seria a verdadeira história. Embora tivesse lido uma ou outra sinopse do livro, a verdade é que nunca me fazem muito sentido e não lhes presto muita atenção e ainda bem :) A história passa-se nos EUA na época da Grande Depressão e a autora inspirou-se bastante na sua própria infância para escrever, ela é a narradora Scout, tem entre 5 e 8 anos durante os verões intermináveis e é sob o seu olhar e do seu irmão e melhor amigo Dill (inspirado em Truman Capote!) que vamos percebendo a realidade de uma pequena cidade do sul dos EUA. Quando digo Sul, podem logo associar as criadas negras, igrejas de brancos, igrejas de pretos, os chazinhos, bêbados, mancos, famílias bem e a enorme questão racial ligada à (in)justiça. Infelizmente é um livro que ainda é bastante atual e que a cada dia parece que vemos os EUA a regredir ou enfatizar estes problemas entre brancos e negros ou emigrantes ou lá o que é. Embora a história seja boa e bem contada, não é propriamente uma novidade, há alguns filmes e livros que abordam exatamente a mesma questão, aqui a diferença que existe, e que quanto a mim é a mais-valia do livro, é mesmo a abordagem do ponto de vista da criança. Dos verões maravilhosos e intermináveis que nós também já tivemos. As brigas entre putos, as aventuras à noite, o fugir de casa, a mentira, a noção de injustiça e os porquês que as crianças colocam de forma tão simples por não terem as mentes retorcidas pelo preconceito. A personagem do pai dos miúdos é também muito muito boa e inspiradora pela sua retidão e clareza do discurso.

Entretanto aguardo a chegada do livro Vai e Põe uma Sentinela, também de Harper Lee e que surge com uma Scout já crescida que regressa de Nova Iorque a Maycomb. Estou muito entusiasmada em reencontrar estas personagens e ver a sua evolução.

Edições que eu adquiri (imagens do editor)


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