28 de março de 2017

Comidinhas da mamãe IV - peixe da praça

Há vários rituais comensais que os meus filhos adoram, um deles é o "comprar peixe na praça". Normalmente vamos até à Costa Nova, levamos as bicicletas e trotinetes e andamos por ali de um lado para o outro a passear e a fazer um bocadinho de fotossíntese. Estrategicamente deixamos logo o carro junto ao mercado e depois vamos caminhar, mas quando regressamos vamos até à praça comprar peixe, legumes e raivas!! Embora os miúdos vivam para brincar é também verdade que adoram ir ao mercado, ver as bancas todas, perguntar pelo nome dos peixes mais estranhos, observam os dentes aguçados e os olhos esbugalhados de alguns. Tudo faz parte de um ritual que eles gostam mesmo muito.
Da última vez que lá fomos trouxemos então um belo robalo de mar (deu para nós os quatro), grande e brilhante, legumes variados e no fim dou sempre uma moeda aos miúdos para irem à banca do pão comprar um saco de raivas que eles AMAM!

Pois que chegámos a casa e foi só pôr o peixe na chapa, pedi que o escalassem e assim grelhava mais depressa e mais uniformemente. Só o temperámos com sal, das nossas marinhas aveirenses e alecrim da varanda, acompanhámos com batatas cozidas e cenouras escaldadas, azeite com alho picado e estava feita a festa. À semelhança da pescada cozida ao vapor, este peixe grelhado é um petisco super básico e que os miúdos simplesmente adoram. Neste dia também trouxemos uns camarões para abrir o apetite, já cozidos no mercado foi só servir. As crianças já dominam bem a arte de desmanchar os bichos e o limão é coisa que não pode faltar ;)
No fim, fruta, cafezinho para os pais e raivas para todos!

27 de março de 2017

Manhã de chuva, pintar porcelanas

Este fim-de-semana fizemos uma atividade gira com os miúdos, fomos à Vista Alegre pintar porcelanas. Por uma questão de sorte vi o anúncio da atividade no facebook, liguei para lá e reservei os nossos lugares, como ía estar de chuva (e esteve mesmo) aqui estava uma oportunidade de fazer algo diferente com os garotos.

Fomos os primeiros a chegar, mas esperámos pouco até chegarem mais crianças e o grupo ficou animado. Em princípio seriam apenas as crianças a pintar as figuras disponíveis, mas depois, os adultos também se sentaram nas bancadas e foi um tal de pintar pássaros, cobras, cães e pratos que eu sinceramente não sei quem é que ficou mais entusiasmado com a tarefa :D
Da minha parte, posso dizer que gostei bastante, nós os quatro fartamo-nos de pintar e produzimos imenso, no total fizemos 3 pássaros, um cão, uma cobra e 3 pratos. Eu ainda pensei que iríamos cozer as peças, mas as tintas eram acrílicas sendo que só secaram para ficar prontas.

Os miúdos souberam de véspera que íamos à fábrica então trouxeram modelos para pintar mas só o Vasco acabou por fazer o retrato do seu boneco.


 Concentradíssimo a pintar uma ave :)

Reparem na qualidade estética da cobra do papá! O melro desta fotografia foi da Leonor, assim como o outro passarinho colorido.

A fase seguinte, depois das peças estarem secas, consistiu em aplicar umas mangas de tecido de modo a criar uns fantoches com as figuras pintadas. Os miúdos escolheram e combinaram os tecidos que quiseram e um dos responsáveis pela oficina fez as aplicações.


No fim, as crianças foram chamadas a improvisar uma pequena peça de teatro com os fantoches. Depois de ultrapassada a vergonha inicial houve não uma, mas várias peças tal foi o entusiasmo e até os adultos deram uma perninha por trás do cenário ;)
Foi muito fixe, os miúdos adoraram e pode ser que em breve haja mais atividades deste género. Por acaso ir à Vista Alegre é algo que fazemos com alguma frequência, gostamos bastante do sítio e agora com a reabilitação de todos os espaços bem como um peso maior da Bordalo Pinheiro está ali reunido um ponto de desgraça da carteira que é um perigo!


20 de março de 2017

As leituras de fevereiro e março

Por aqui as leituras têm andado pela rua da amargura. Se comecei lançadíssima em janeiro/fevereiro, este mês a coisa descambou, mas já lá vamos...
Em fevereiro terminei o Ano da Morte de Ricardo Reis, que já falei aqui e li A Vida Inútil de José Homem (da Marlene Ferraz, nossa amiga) e a Clarabóia (de José Saramago), deu também tempo de iniciar a Cozinha Confidencial do Bordain que (ainda) estou a ler.

"A vida inútil de José Homem" é uma história curta mas não foi por isso que entrei rapidamente no ritmo do livro. Há muitas analepses e prolepses, muitos cortes e silêncios e que deixaram alguns momentos assim meio abertos à consideração da imaginação do leitor. Achei-o bastante teatral por causa dos diálogos e dos silêncios e quando comecei a engrenar no ritmo o livro acabou. Gostei bastante!

(cenário de Clarabóia na adaptação ao teatro pela companhia A Barraca, encenação de Maria do Céu Guerra)

Depois iniciei o livro "Claraboia" e é aqui que me vou demorar mais um pouco neste resumo.
Já tinha o livro cá em casa há uns dois anos, é da minha mãe e embora o quisesse ler quando o trouxe, sempre me inibiu o facto do autor não ter autorizado a sua publicação em vida. De acordo com o que pude apurar os herdeiros, juntamente com a editora (na altura a Caminho) decidiram publicar o romance mas cheira-me que Saramago não teria autorizado... O livro foi escrito quando o autor tinha 31 anos e descreve um período de tempo de 6 famílias que moram em 6 apartamentos de um prédio lisboeta na década de 1950 (o livro é de 1953), ou seja, no pós-guerra. O romance foi enviado na altura a um editor e rejeitado por supostamente não apresentar qualidade literária. Depois deste episódio nunca mais José Saramago tentou publicar o livro.
Fiquei então dividida se lia ou não lia a história e acabei mesmo por lê-lo e gostei muitíssimo. Em comparação com outros livros de Saramago nota-se uma diferença grande na densidade da história, mas quem conhece os tiques do autor já reconhece o estilo em desenvolvimento. Tal como o próprio autor diz, trata-se de uma história simples (como ele), e efetivamente é uma narrativa simples, mas se o livro começa de forma ligeira e até cómica, com o avançar da história há vários momentos muito tensos e de uma crítica social muito incisiva. Em vários momentos pensei "foi aqui que o editor se reviu, se embaraçou, se envergonhou e rejeitou o livro", a capacidade de Saramago ser tão certeiro nas descrições das pessoas, das suas fraquezas é genial e este livro, embora de uma fase muito inicial da sua carreira é já um bom indício do que viria por ali... O livro é excelente, simples mas muito bom; fiquei vários dias a pensar naquelas personagens, no papel da mulher portuguesa na década de 50, no papel da rapariga antes de casar e o que lhe estava destinado depois disso entre outros aspectos mais filosóficos. Quanto a mim é um excelente romance de Saramago, sobretudo para quem nunca leu nada do autor; vale a pena ler.





Quando terminei a Claraboia iniciei a "Cozinha Confidencial" do Bordain e ainda estou a mastigá-lo. Vi imensos programas do Bordain, dos quais gosto bastante diga-se, mas o livro, embora não esteja mal escrito, está a pregar-me um secão que não vos digo nada. A narrativa é bastante do estilo "eu sou o maior da minha rua" e se inicialmente até tinha uma certa piada, a verdade é que agora quase a meio do livro já não traz nada de novo e estou a engonhar. Não sei muito bem se o que não me agrada é o facto de não se tratar de ficção ou se é apenas um problema do autor, mas neste momento o meu dilema é: abandono ou não? Dizem-me as minhas amigas que o abandone e provavelmente é o que lhe vai acontecer. E eu que ia tão bem lançada pá...

10 de março de 2017

Momento Sem Comentários




Ainda não consegui parar de rir :D

7 de março de 2017

o nosso mega-sábado-na-neve!

Este é um post com muitas fotografias!


Andámos a semana toda a dizer "vamos - não vamos - vamos - não vamos à neve" e quando deram alertas de "muita neve e muita chuva e muito vento" para sexta e sábado achámos que mais valia ficar por casa. O facto é que no sábado não havia chuva e quando espiámos a webcam da Torre da Serra da Estrela achámos que podíamos arriscar e lá fomos nós!

Já saímos tarde de casa, foi o tempo de enfiar roupas sobressalentes na mochila, fazer umas sandes e reunir mais uns snacks para enganar o estômago durante a viagem. Feitos malucos, saímos de casa já passava das 11:30 e chegámos à serra duas horas depois, certos de que fizemos uma excelente aposta.


De repente parecia que tínhamos chegado à Lua, tudo era branco, tudo era silêncio, a neve que caiu durante (toda?) a noite era fofa, muito espessa e o nevoeiro era imenso. Assim que vimos uma encosta com carros parados fizemos o mesmo, os miúdos já não aguentavam de tanta ansiedade e quando abrimos a porta do carro nem conseguimos pedir-lhes para esperarem por nós, eles já tinham ido!
Antes de chegar a este ponto parámos estrategicamente numa loja à beira da estrada para comprar um trenó. Depois voltámos a parar para comprar umas mega-sandes de queijo e presunto para o nosso almoço improvisado - Em Roma sê Romano!

Se eu disser que os miúdos enlouqueceram de alegria ainda estaria a ser branda no adjetivo, porque eles ficaram imparáveis. Pegaram no trenó e foi vê-los deslizar vezes sem conta colina abaixo. Testámos todas as combinações possíveis e foram todas divertidíssimas, naquela tarde todos fomos crianças e brincámos quase até à exaustão!




Como não somos frequentadores assíduos destes cenários, a última vez que fomos à neve foi há 4 anos!, não temos roupa adequada à prática deste tipo de atividade, no entanto com o que tínhamos em casa conseguimos tirar imenso proveito da situação. Luvas e gorros para proteger as extremidades, botas, calças impermeáveis para ele (que foram da irmã há 4 anos) e umas leggings interiores para maior conforto; leggins, collants e perneiras para ela, mais os kispos e roupas quentes extra para trocar as molhadas no fim da borga.



Eles fartaram-se de cair, perdi a conta dos tombos gigantescos que deram, das vezes que perderam a gorros e cachecóis pelo caminho, mas não foi isso que os parou!
O nevoeiro começou a ficar mais forte e depois daquele pico de adrenalina decidimos subir à Torre para almoçar. Surpresa das surpresas, a Torre ficava a meia dúzia de metros... pelo que parámos logo de seguida :D




Na torre estava bastante gente, muitos carros, autocarros mas era por assim dizer, um caos organizado. As pessoas chegavam, saíam, tudo ordeiramente e foi fácil estacionar e sacar das sandochas, os miúdos já estavam a precisar e foi o silêncio no carro :D


Entretanto o nevoeiro continuava bastante serrado mas de vez em quando parecia que o sol começava a espreitar, então decidimos ver como estavam as redondezas e quase não se via nada. A neve era imensa, verdadeiras paredes que os miúdos escalaram de imediato e depois desciam de seguida.




Fomos então para a encosta e fizemos o que toda a gente estava a fazer, descê-la! O pior era que poucos metros adiante já não se via nada e isso era impressionante e perigoso. Mas o vento de vez em quando soprava um bocadinho e no meio daquela neblina cerrada, de um momento para o outro, o céu descobriu e tivemos direito a uns 15 minutos fantásticos!



A paisagem de repente ficou outra, foi como uma revelação, parecia que tínhamos sido transportados para outro local tal era a diferença! Pudemos apreciar a extensão daquela descida e fomos descendo atras dos miúdos que íam a toda a velocidade por ali fora. Caíam e voltavam a sentar-se para deslizar. Quando já estavam bastante longe foram surpreendidos pela GNR na mota de neve e que prontamente lhes disse que não podiam estar ali tão longe dos pais. Ao vermos a polícia junto dos miúdos começámos logo a fazer sinal de que estavamos a vê-los e o guarda veio ter connosco. Contou-nos que naquela manhã já se tinham perdido duas crianças por causa do nevoeiro e que de um momento para o outro o tempo podia mudar. Os miúdos lá vieram para cima e todos nos aproximámos do topo, o facto é que já quase lá em cima o tempo fechou mesmo e foi muito súbito.







Entretanto e por causa do calçado e da roupa não serem grande coisa não pudemos demorar muito mais mas o facto é que até saímos em boa hora porque naquele momento estava a ficar muuuuita gente por ali e o tempo cada vez pior.
Uma das coisas que mais me chamou a atenção foi a quantidade de guardas que lá estavam, havia bastante segurança, as estradas estavam impecavelmente limpas e embora houvesse muitos autocarros e automóveis em momento algum houve dramas o que também contribuiu para uma tarde fantástica para toda a gente.


Voltámos para casa ainda a pensar na tarde fantástica que tínhamos acabado de passar e do quanto nos divertimos com os garotos. Acredito que este dia vá ficar durante muito tempo na memória deles e isso para nós é tudo!