26 de fevereiro de 2018

Há dias assim


Há dias que de tão normais, tão iguais a todos os outros, que damos por nós a questionar se a escolha da nossa rotina diária valeu o esforço de a decisão difícil de há alguns anos. Por vezes, quando atravessamos semanas de angústia esta questão torna-se ainda mais presente: terá valido a pena a troca do certo pelo incerto?

Contudo, e tal como numa relação amorosa, há certos momentos que chegam para nos demonstrar que afinal vale mesmo a pena o risco que se alinhou fazer. 
Entrar num mesmo comboio, à mesma hora de antes e cruzar-me com (algumas d)as mesmas caras com que me cruzava há anos é um exercício poderoso. O mesmo posso dizer que é difícil sair de casa a correr e ouvir os avisos de atrasos de meia-hora ou chegar à estação e ver o “meu” comboio partir do cais fazendo-me esperar 50 minutos pela próxima oportunidade de embarcar.

Sair de casa com todos a dormir, chegar a casa e metê-los na cama, passar o dia a pensar na estratégia de apanhar “aquele comboio” é algo que já estava tão distante na minha mente que só mesmo um período mais complicado me faria equacionar passar por tudo isto novamente.  E esse período aconteceu, eu equacionei, mas mantive-me firme; mantivemo-nos. Felizmente há dias assim, que fogem tanto à rotina que escolhemos que nos colocam a cabeça outra vez no eixo correcto.

24 de fevereiro de 2018

A festa do Pai foi mesmo boa**

O pai fez anos e eu empenhei-me em organizar um fim-de-semana em família em pleno Parque Natural da Serra da Estrela. Chamei os cunhados e primas e em modo segredo encontrámo-nos à hora de almoço. Foi muito bom, os miúdo loucos de alegria, brincaram até cair para o lado. Embora não houvesse muita neve, o tempo esteve maravilhoso e permitiu-nos gozar a nossa serra em todo o seu esplendor. Na zona da Torre, único sítio com neve, conseguimos brincar com o trenó e os escorregas, embora estivesse muuuuita gente, tal não nos impediu de aproveitar um par de horas em cada dia.







A par da neve, também aproveitámos para mostrar às crianças o Covão da Ametade que é sempre um local bonito seja em que altura do ano for. Inicialmente os miúdos ficaram tristes por não irmos para a neve, mas rapidamente mudaram de ideias, porque no Covão há muito que fazer! Entre apreciar a beleza do sítio, pudemos também atravessar o Zêzere saltitando nas pedras entre as margens, claro que os miúdos adoraram! A escalada também foi um ponto alto e todos subimos e descemos aquelas enormes pedras vezes sem conta. É sem dúvida um local a não perder quando forem à Serra; eu já lá tinha ido no outono, mas no inverno a beleza não fica nada atrás, creio que com neve será mesmo lindo!









Cá em casa todos fazemos anos no tempo quente, com praia, calor, gelados, piscina e por isso estou sempre a meter-me com o "meu mais velho" que o inverno é uma valente seca, no entanto, tenho de dar o braço a torcer pois este cenário também é o máximo.

Parabéns****




14 de fevereiro de 2018

Dias de folia


Este carnaval foi épico. Nada de grandes produções como de costume, mas os miúdos adoraram todos os dias. Ele foi festas nas escolas, teatro para um, ballet para as miúdas, almoço de família, almoço de amigos, tardes de brincadeira em casa dos melhores amigos, gelados, lanches, uma sequência de acontecimentos tão simples e que na verdade são sempre muito eficazes.

Num breve momento em que não choveu, calhou de finalmente fazermos a nossa expedição a uma fábrica abandonada que há imenso tempo já tínhamos vontade de ir. Eu e a minha "comadre" adoramos estas ruínas, podem ser industriais ou domésticas, mas o receio de irmos sozinhas ou mesmo as duas, nos impede a maioria das vezes. Ora sucede que depois do nosso almoço maravilhoso, não é tarde, nem é cedo que arrastámos os miúdos e os pais connosco e foi bem fixe.
As crianças vibraram imenso - os pais em choque - e nós sempre a incentivar à invasão da propriedade, a tirar fotos, a percorrer as divisões cheias de entulho, grafitadas, vidros partidos, restos de material de escritório e os miúdos sempre a correr divertidíssimos. No fim a minha mais velha só dizia que tinha adorado cada momento, que queria voltar e explorar tudo novamente e que foi "mesmo espetacular". E pronto é assim que se criam pequenos monstros curiosos, atiçando aquelas mentes porque de vez em quando podemos mesmo fazer tudo! É carnaval e ninguém leva a mal!

1 de fevereiro de 2018

Leituras de Janeiro - correu bem!



Entre muitos afazeres e poucas oportunidades para escrever aqui no blog, tive alguns momentos de leitura durante o mês de janeiro.

Finalmente terminei o livro Levantado do Chão de José Saramago, já escrevi sobre este tema umas duas vezes mas agora que o finalizei posso realmente dizer que é mais um título a estar entre os melhores do nosso Nobel. Embora a trama ande ali um pouco às voltas do mesmo, o que me desinteressou durante um tempo, a verdade é que a escrita é sempre muito, muito boa. A descrição da morte, dos casamentos, da pobreza, das desigualdades sociais está perfeita e volto a dizer que não há escritor com esta sensibilidade de escolha de palavras. É um livro sobre uma família, a Mau-Tempo, que desde o início do séc XX até ao 25 de abril vai  lutando num dia-a-dia de pobreza e esforço físico em que o Alentejo é o cenário. Gostei bastante e recomendo!

A seguir li o livro A Gorda, da Isabela Figueiredo. O que dizer? Eu estava com muitas expectativas porque tinha lido algumas críticas muito positivas e entusiasmadas sobre esta história, mas a verdade é que me deixou assim um pouco querer mais. Achei a personagem sempre muito arrogante e achei que o facto de ser gorda nem sempre terá sido bem explorada, nem a operação que entretanto realiza para combater o apetite. Mas o livro não está mal escrito, pelo contrário, há passagens bastante boas e que prendem, sobretudo à medida que o livro se aproxima do fim. Gostei mas não me convenceu.

Por fim li o Fim, da Fernanda Torres. Vi a referência a este livro na Pipoca Mais Doce e fiquei logo com vontade de o comprar porque sou muito fã da Fernanda Torres desde Os Normais, que eu adorava! O livro é muito bom, conta a história de 5 amigos (homens) desde a juventude nas décadas de 60-70-80 e que chegados aos anos 2000 já na velhice, começam a fazer uma retrospectiva de tudo o que fizeram. O livro está em português do Brasil, creio que não há adaptação do texto na edição que eu comprei o que para algumas pessoas poderá ser um problema, a mim não me aborrece. Quem não está muito por dentro da cultura brasileira e carioca pode por vezes ficar perdido em algumas expressões e até lugares, mas quem viu muita novela da Globo já tem meio caminho andado para se contextualizar. Muito bem escrito, linguagem masculina muito bem recriada, as festas, o mulherio, bacanais, calor, praia, cerveja, tem tudo aqui neste livro. Gostei muito!!



Agora vamos ver o que consigo ler em fevereiro :D