26 de fevereiro de 2018

Há dias assim


Há dias que de tão normais, tão iguais a todos os outros, que damos por nós a questionar se a escolha da nossa rotina diária valeu o esforço de a decisão difícil de há alguns anos. Por vezes, quando atravessamos semanas de angústia esta questão torna-se ainda mais presente: terá valido a pena a troca do certo pelo incerto?

Contudo, e tal como numa relação amorosa, há certos momentos que chegam para nos demonstrar que afinal vale mesmo a pena o risco que se alinhou fazer. 
Entrar num mesmo comboio, à mesma hora de antes e cruzar-me com (algumas d)as mesmas caras com que me cruzava há anos é um exercício poderoso. O mesmo posso dizer que é difícil sair de casa a correr e ouvir os avisos de atrasos de meia-hora ou chegar à estação e ver o “meu” comboio partir do cais fazendo-me esperar 50 minutos pela próxima oportunidade de embarcar.

Sair de casa com todos a dormir, chegar a casa e metê-los na cama, passar o dia a pensar na estratégia de apanhar “aquele comboio” é algo que já estava tão distante na minha mente que só mesmo um período mais complicado me faria equacionar passar por tudo isto novamente.  E esse período aconteceu, eu equacionei, mas mantive-me firme; mantivemo-nos. Felizmente há dias assim, que fogem tanto à rotina que escolhemos que nos colocam a cabeça outra vez no eixo correcto.

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