Outro dia joguei a cartada da flexibilidade e fui almoçar com as minhas amigas/ex-colegas. Saí a meio da manhã e regressei a meio da tarde, sem dramas nem preocupações em excesso. Almoçámos, conversámos e no fim fiquei a ver aquelas pessoas dirigirem-se para o escritório, pensando na ficha de atraso que iriam preencher, na tarde longuíssima que ainda faltava cumprir, e no facto de eu já não as acompanhar. Eu fiquei ali a dizer-lhes adeus e a pensar "há seis meses voltavas com eles" e devo confessar que senti um misto de tristeza e alegria, tristeza pelo rumo que eles levaram e alegria pelo meu rumo - uma hora bem medida de conversa com outra amiga que também atirou tudo ao alto.
Eu demorei seis anos a mudar de vida, cheguei àquele escritório solteira, casei, comprei casa, tive uma filha e passei-me. Raras foram as vezes que enviei um curriculum, pois as condições que tinha dificilmente seriam repetidas noutra empresa, sendo assim, a ideia seria: "quando me for embora, fico por minha conta", e assim foi, e assim é. Libertei-me daquilo, perdi muitas coisas boas, tal como remuneração certa, seguro de saúde, prémios, não trazer trabalho para casa. Hoje a minha vida é totalmente o contrário, no entanto ganhei o Tempo, que como todos sabem não tem preço por estar ao nível dos materiais mais preciosos.
A flexibilidade da nossa vida laboral tem ainda um longo caminho a percorrer, a mudança de mentalidades é sem dúvida um grande obstáculo, muitas empresas devem olhar para os seus modelos e reavaliar as suas regras internas tendo como objectivo, não só o lucro monetário, mas também o lucro de recursos humanos. Naturalmente que nem todas as profissões e empresas se podem moldar a estes projectos, nomeadamente a indústria de transformação contínua, mas quem está um dia inteiro colado frente a um computador poderá questionar se realmente o seu trabalho é mesmo essencial in loco. Lá por onde trabalhei isso foi sempre considerado como "fora de questão!", mas eu acredito que por lá as coisas possam mudar e que um dia os meus ex-colegas possam gozar melhor as suas condições de contratos sem termo.
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Para saber mais sobre este movimento de consciencias ver em
http://revolucionarparaflexibilizar.blogspot.com/
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2 comentários:
As "entidades patronais" perdem tanto em serem assim, se soubessem, se lhes acendesse uma luzinha na cabeça...
Muito bem!
estás em força e é verdade, trabalhador feliz é igual a produção de qualidade
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