Já estava prevista há algum tempo, esta viagem, ir a Lisboa. Seríamos só as duas, não poderia ser no tempo frio para não carregar demasiado a mochila, nem deveria ser no pico do verão por causa do imenso calor. Após alguns imprevistos decidimos apontar a semana do Santo António, apanhamos imenso calor à mesma, mas deu para cumprir o objetivo da viagem: tomar o pulso da cidade.
Fomos de comboio e andámos sempre em transportes públicos, no entanto, foi a pé que percorremos as maiores distâncias. Por momentos tive receio pela saúde dela não só pelas grandes distâncias percorridas como pelo calor que sentimos, mas ela mostrou-se sempre muito empenhada, curiosa, animada e nunca contrariou os meus planos. Bebemos imensa água, vimos muita coisa, coisas banais, montras, restaurantes, lojas, falámos com quem nos cruzámos, comemos na rua, não fomos a museus e experimentámos quase todos os transportes públicos.
A nossa viagem começa logo num spot muito bom para um almoço descontraído. Fomos ao Delidelux, que eu já conhecia desde que lá fui há uns 3 anos com umas boas amigas**. Comemos uma refeição ligeira, descansámos a vista e depois seguimos de autocarro para o Terreiro do Paço. Ali entrámos esporadicamente num ponto de informações e depois seguimos pelas arcadas até ao cais das colunas.
Estava de facto bastante calor e não foi preciso muito esforço para ela se meter dentro de água e ali ficar tempos infinitos aos saltos, a fugir das ondas, a falar com estrangeiros, a dançar ao som de uma guitarra que se ouvia por ali. Ela adorou e só dizia que queria ali voltar muitas vezes.
Depois demos um saltinho ao Arco da Rua Augusta, onde lhe expliquei onde tínhamos estado e onde estaríamos no dia seguinte, o Castelo. Mais do que a vista, o que mais a impressionou foi o relógio, o mecanismo que estava dentro de uma caixa de vidro. Todas aquelas engrenagens e ruídos conquistaram-na!!
Sempre a dançar e a saltar, muito solta na cidade grande, ela e a coroa de princesa que nunca largou.
Seguimos a pé para o lanche, um delicioso Santini de chocolate, ali mesmo de frente aos Armazéns do Chiado, NHAAAAM!
Depois chegou a hora de rumar a casa, apanhámos o elétrico e foi a loucura total. Tive que a puxar para dentro umas poucas vezes tal era a excitação de andar num veículo com as janelas totalmente abertas.
Saímos no Jardim da Estrela, o jardim onde eu e os meus irmãos brincámos tantas e tantas vezes, onde o nosso pai e o nosso avô também brincaram e onde os nossos filhos continuam a fazer as mesmas coisas. Tão bom!
Já em casa da paciente bisavó, quase sem dar beijinhos nem boa tarde, correu para o quarto e só descansou quando puxámos a cama-armário. A juntar a tantas outras coisas, esta cama é mais um elemento mítico das nossas memórias de infância, a cama onde o meu pai dormiu em criança; onde eu e a minha irmã dormimos juntas durante meses, uma virada para cima a outra virada para baixo... bons tempos...
E chegou ao fim o primeiro dia. Um dia um pouco longo, mas que compensou imenso pelas coisas que ela viu e que foram muito enriquecedoras.