25 de julho de 2014
sobre a angústia
Ultimamente tenho andado com muita preguiça. Temos tido muito que fazer, os miúdos andam na escola e as "férias" ainda demoram umas semaninhas. Pouco ou nada tenho pegado no computador para escrever, nem a máquina sai da secretária sem ser ao fim-de-semana, nada me apetece, o tempo está ranhoso, as crianças birrentas e nada me puxa...
Há dias estava a fazer uns trabalhos manuais quando começou a dar A Lista de Schindler. Já tínhamos visto o filme umas duas vezes e deixámos ficar, eu ia vendo uns bocadinhos. À medida que o filme avançou, dei por mim a ver sequências maiores e a ficar cada vez mais mal disposta, cada vez pior. Cheguei a um ponto em que não fui mesmo capaz de ver mais e concluí que a última vez que vi o filme já teria sido há mais de 5 anos, antes de ser mãe portanto.
Isto de ter tido filhos modificou-me, falo do impacto que têm sobre mim certas imagens, mesmo que fictícias, embora neste caso fosse um filme baseado em factos reais. Enquanto o meu marido vê notícias, publicidades, filmes e pequenos vídeos no you-tube e tv, sem pestanejar, eu realmente não consigo. Se antes de ser mãe determinadas cenas me chocavam, mas não me abalavam, agora não consigo abstraír-me da possibilidade dos meus filhos passarem por determinada situação, ou mesmo nós enquanto pais de filhos caídos em desgraça. Estes últimos tempos têm sido férteis em casos marcantes que não consigo lidar muito bem, começou com o caso do Meco (que pelos vistos foi hoje arquivado), depois os conflitos em África, Médio Oriente, aviões que caiem, o caso Judite de Sousa, enfim...
Interrogo-me se esta "incapacidade" de lidar com estas imagens é coisa para acontecer a outras mães, será que isto é assim para sempre ou atenua com o passar dos anos? Terei eu de passar por uma situação-limite para achar que filmes como aquele são um passeio no parque? Se for caso disso, prefiro continuar a ver canais de música...
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11 comentários:
Ainda não vi o filme desde que fui mãe mas confesso que desde que tive filhos há certas notícias que me deixam com um aperto no coração, acho que é inevitável. Agora consigo sentir na carne o que vejo na televisão, consigo absorver as emoções de uma forma que parece tão real. Peço sempre para nunca sentir na primeira pessoa aquilo que vejo ou oiço.
O caso do filho da Judite de Sousa deixou-me de rastos e, como estava de férias na altura, parecia um falcão em cima dos miúdos, junto à piscina! :-(
Beijinhos para si e os meninos, em especial para o Vasquinho! :-)
passei a sentir um aperto que nao sentia antes. sinto que sou um um bocadinho mae dos filhos de todos os outros. bjs
Acho que é mesmo a maternidade. Todos os casos que referes tiveram também impacto em mim. Quando sei de alguns casos de doenças recém descobertas, algum acidente, alguma catástrofe, chego a perder o sono. Acho que é coisa para a vida toda, com fases melhores entre outras mais angustiantes.
A mim também me acontece desde que fui mãe. Acho que só vou ver comédias românticas para resto da vida.
obrigada pelos vossos comentários :))
isto de ser mãe, por vezes, não é nada jeitoso...
:)
Acontece o mesmo comigo...dá-me voltas à barriga e tenho de desligar a tv.(
Só para juntar mais uma voz a dizer o mesmo: desde que fui Mãe há certas coisa, notícias, filmes, histórias, que simplesmente bloqueio.... não sou capaz.... deixa-me doente... angustiada por mais de uma semana!
E sim, estas últimas notícias da Faixa de Gaza, estão a deixar-me absolutamente de rastos agarrada á minha filha com medo de.... tudo!
Completamente!
Nestes últimos dias parece que ando sempre com um aperto no coração por causa das imagens da faixa de gaza e das famílias que iam no avião da malasia airlines... :(
Olá Sofia,
Parece que sou mais uma mãe como muitas! :)
É curioso como, ultimamente, tenho recebido na blogosfera o eco de certas angustias, anseios e inquietações, que julgava serem apenas fruto das minhas insegurança (que estiveram adormecidas na juventude e regressaram em força com a maternidade)e, afinal não estou só! :)Obrigada por partilhares as tuas "fragilidades maternais". ;)
Antes ficava triste mas passava, agora até já cheguei a ter pesadelos e a andar muito em baixo, conclusão: deixei de ver séries que me mexiam com o subconsciente e notícias, até ler jornais evito, mexe muito comigo, uma altura acho que cheguei a roçar uma "depressão".
Tica
Same here! O meu marido já teve que mudar de canal quando estavamos a ver um filme. Fiquei tão incomodada... antes de ser mãe não chegava a este extremo!
Beijinhos
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