Este fim-de-semana vi este documentário e gostei muito.
Como é possível ser tão infeliz quando se tem tudo? É esta a questão que os personagens principais deste documentário se colocaram antes de se dedicarem ao minimalismo. Tinham sucesso, tinham carreiras brilhantes, ordenados fabulosos e consumiam imenso, mas no fim a insatisfação invadia-os invariavelmente. O documentário é basicamente sobre o consumismo, a publicidade, os efeitos que as plataformas digitais têm no consumidor. A sensação de insatisfação por não termos o modelo mais recente de um telemóvel, as coleções de fast-fashion que se renovam semanalmente, o estilo de vida que muitos querem copiar porque é esse estilo que é o ideal. Tudo isto acaba por ser extremamente saturante e cansativo.
Cá em casa temos um modo de viver muito normal, quase poderia ser minimalista, mas não é bem assim, porque tendo crianças isso é mesmo difícil, mas não impossível! Desde a altura em que vivemos os quatro num apartamento muito pequeno que ganhei o hábito de não comprar nada que não fosse para substituir outra que se estragasse. Um casaco de inverno que vinha substituir outro que se gastou, um eletrodoméstico que ocupou o lugar de outro avariado, um creme para o rosto que vem substituir o anterior que terminou. Eu não tenho prateleiras cheias de cremes, perfumes, ténis, gavetas cheias de lenços, os meus filhos têm apenas um par de ténis de cada vez e um casaco de inverno, não nos faz falta ter mais. Se eu antes tinha um emprego melhor remunerado e desisti dele para uma vida mais simples e com um ordenado bem mais modesto, posso dizer que sou efetivamente mais minimalista do que era com vinte e tal anos. Mas sou também muito mais feliz assim nesta simplicidade, porque efetivamente não me aborrece ter de decidir todos os dias o que vestir porque não tenho dezenas de opções tenho apenas algumas e a sua rotação frequente não me incomoda minimamente, até facilita!
Vivendo com crianças os ajustes são um pouco mais difíceis, porque eles crescem e temos de comprar coisas com mais frequência, no entanto, a troca de roupas entre amigos e familiares consegue colmatar muito bem a necessidade de consumir coisas novas! Mas uma necessidade efetiva é bem diferente de uma necessidade provocada por um impulso de "ter a última versão daquilo", seja uma saia, seja um telemóvel ou mesmo um carro ou uma casa. Com os brinquedos a questão é muitíssimo mais simples, resumem-se as compras ao natal e aniversários e estamos conversados; o resultado é haver poucos brinquedos cá em casa, mas o facto é que eles brincam quase sempre com as mesmas coisas. Recebem presentes mas ao fim de uma ou duas semanas andam novamente a montar LEGOS ou a atirar bolas pela casa.
Se vivem com ansiedade vejam este documentário e depois olhem bem à vossa volta. Avaliem se o que têm vos traz mesmo felicidade ou se podem desfazer-se dessas coisas. Da minha experiência, sempre que me dá a febre de destralhar, a sensação de liberdade é mesmo muito grande! Fica a dica, eu vi o doc na Netflix, mas acho que no Youtube também devem conseguir ver na íntegra.
Project 333 - também é muito interessante e desafiante! - https://bemorewithless.com/project-333/
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