15 de março de 2016

Doces

Raras são as semanas em que não tenho de confiscar uma saquinha de gomas/rebuçados/chupas e afins aos meus filhos. Algumas vezes nem sequer tenho essa hipótese porque os doces já foram comidos porque "todos comeram" e eu fico IRADA!!!!

A sério, chamem-me psicopata, chamem-me mariquinhas, exagerada o que quiserem mas custa-me compreender como é que há tanta gente que acha normal dar a crianças de 3 anos sacos cheios dessas porcarias. Eu até nem sou dessas que lê os rótulos todos, não entro em desafios de açúcar zero, como carne vermelha, bebo leite, um refrigerante ocasional, mas quer dizer, sou flexível no campo alimentar mas tudo o que é demais é moléstia e há dias que me passo completamente.

Eu ainda posso tentar compreender que adultos que não tenham filhos não tenham "aquela" sensibilidade do que se deve ou não deve dar a uma criança, mas quando eu vejo que são pais de crianças igualmente pequenas que levam sacos cheios de doces para as escolas para distribuir pelos miúdos, aí sinceramente ultrapassa-me. Já não é a primeira vez que falo neste assunto aqui no blog e a minha indignação mantém-se inalterada. Eu até já podia estar habituada, como já me disseram noutra ocasião, do género "oh, não ligue, eles já comem tantas porcarias...". Não, realmente não me habituo, sou uma pessoa difícil.

A par dos episódios das festas escolares temos também o capítulo da "retribuição positiva através de guloseimas". Os meninos portam-se bem, tomem lá uma goma cada um! Os meninos fazem as fichas depressa, um rebuçado para cada um! Então mas quê, não é possível dar "apenas" um "parabéns foram excelentes!" ou "hoje distribuis o leite por seres tão responsável", um autocolante com brilhantes não dá o mérito que dá um chupa?

Ainda há dias me diziam que por vezes os lanches das crianças são vistoriados para se fazer uma triagem dos "maus lanches" que existem nas lancheiras. Por maus lanches entendem-se sumos processados, croissants e pães doces, batatas fritas, refrigerantes, aparece de tudo um pouco e no ensino público são feitas visitas por equipas do centro de saúde de modo a sensibilizar as crianças para o que devem comer e evitar. Isto é o que se passa no nosso agrupamento. Muito bem, faz-se um acompanhamento e educação para uma alimentação saudável, mas do que vale isto tudo se os próprios educadores (pais e professores) quebram logo ali a corrente pedagógica? se nas cantinas servem gelatinas horrorosas ou pudins instantâneos uma vez por semana?

A sério, expliquem-me isto como se eu fosse mesmo muito burra...

9 comentários:

Isa disse...

Sem dúvida que tens toda a razão! Lá na escola da minha quando é festa de aniversário e queremos levar um lembrança para os amigos da sala pedem aos pais para não levarem doces! Este ano levei-lhes um lápis daqueles com uma borracha em cima! Deliraram! Quando se portam bem sei que lhes dão um autocolante brilhantes, ou algo do género. Depois estranha-se que as crianças estejam a ficar gordinhas... Está tudo a mão de semear e o "de vez em quando " torna-se algo com uma frequência demasiado alta!

Simplesmente Ana disse...

Primeiro queria dizer que acho mal qualquer tipo de recompensa por se fazer bem um trabalho na escola, para além de recompensas coletivas, como consequência de um ato. Ou seja, hoje não se distraíram e fizeram a ficha sem demoras, por isso vamos TODOS para o intervalo mais cedo. Na escola da minha filha havia o hábito de se atribuir um autocolante quando faziam um exercício todo bem. Havia sempre meninos que não o recebiam, mesmo que se tivessem esforçado tanto ou mais com os outros. O resultado era tristeza e frustração. Acho tremendamente errado.

Em relação aos doces nas festas: eu já aboli os saquinhos. Há bolo na escola e festa no fim de semana. Qual é a ideia do saquinho de doces?

A minha filha come doces, se lhe apetecer e se houver em casa, após as refeições. Não proíbo. O que acontece, a maioria das vezes, é que já nem tem vontade de os comer ou deixa metade porque já está satisfeita.

carla disse...

Nada como aprender desde cedo o que se deve comer. Comida que seja preciso ler um rótulo e ainda assim não sabemos tudo o que contém deve ser evitado ao máximo! Claro que como tudo na vida há espaço para pequenas excepções, e não fazer disso regra.

francisca disse...

concordo a 100% consigo.
sempre que há uma festa de aniversário no infantário além do bolo (que é normal) os pais levam sempre uns docinhos. apesar da direcção da escola já ter avisado para não o fazerem.eu confisco sempre os sacos. acho que é muito cedo para ele (3 anos) se habituar a esses produtos. não sou radical, mas enquanto puder controlar o que ele come vou controlar.
o meu filho só come umas bolachas marias e os nossos biscoitos. que ele adora fazer!
e detesta chocolate:)

Catarina disse...

Olha até senti que cresci ao ler este teu post. Li de uma vez e no final respirei fundo como se tivesse acabado de desabafar! Eh pá, este assunto atormenta-me desde o ano passado (quando a Laura entrou para a escola) e não, também não consigo habituar-me à ideia! E não acho normal ser uma ave rara naquela comunidade educativa. Cada vez que me queixo fica tudo a olhar para mim como se eu fosse uma esquisitinha e uma mãe do piorio... mas é um assunto que me irrita solenemente confesso. E olha que não é um problema dos menos informados, é transversal a toda a sociedade e não consigo perceber porquê!
Nas últimas semanas a Laura tem trazido uma ou duas vezes saquinhos desses para casa. Compreende sempre a minha explicação, raramente come alguma coisa do que lá vem, mas não percebe porque é que se faz assim tão mal como lhe digo os outros pais deixam os filhos comer e ainda mandam para os amigos como se fosse a melhor prenda do mundo... é óbvio que isto baralha qualquer um! E os bolos de aniversário?! Mesmo dizendo no regulamento da escola, que os bolos devem ser caseiros e o mais simples possível, isso nunca acontece. Quanto mais chocolate, cremes, coberturas de açúcar e afins ele tiver melhor, porque um bolo caseiro não tem piada nenhuma coitadinha da criança... o que eu acho é que há muita falta de criatividade nas cabecinhas dos pais, mas enfim... não quero ter a minha filha numa redoma, nem sou fanática como dizes... cá por casa também se come um bocadinho de tudo, também cometemos os nossos erros alimentares e os nossos abusos de vez enquanto, mas tentamos ter uma alimentação o mais saudável possível e ensina-la à nossa filha. a escola não pode servir só para ensinar a ler e a escrever, a educação alimentar também tem que fazer parte e se a própria escola não dá o exemplo não percebo que raio de metodologia é esta!
Não me estendo mais, pq já vai para aqui um testamento, mas ufff, fiquei tão aliviada ao ler este teu post que nem imaginas :D!
bjs

sof* disse...

Se por um lado fico mesmo feliz com os vossos comentários, por outro é impossível não pensar na esmagadora maioria que está do outro lado da barricada...

por tudo isto vale a pena dizer #jesuisaverara :DD

agora a sério, isto é um assunto que me mexe mesmo muito com os nervos :S
obrigada por estarem aí!

Natasha disse...

Completamente de acordo! Fico doente com os conteúdos dos "saquinhos"! Tenho uma caixa enorme de material confiscado cheia de chupas, caramelos, PASTILHAS, etc.. Nem eu dou vazão aquilo tudo! :P

Anónimo disse...

Li o seu post e concordo plenamente, nunca impedi o meu filho de experimentar guloseimas, até porque eram sempre oferecidas por terceiros, mas também nunca o incentivei, para não entrar na velha questão, “o fruto proibido é mais apetecido”. Em três anos, a idade que tem, apenas lhe comprei um chupa-chupa, nunca lhe dei gomas (penso que são o “maior veneno”), chocolate as vezes, mas muito raramente, come,do mal é o menos!
Este é o primeiro ano do meu filho na creche, e, foi lá que adquiriu esses conhecimentos do mundo das guloseimas, ainda não tinha feito 3 anos e já trazia sacos de gomas, como não estava acostumado a come-las brincava com elas, achava piada as formas de minhocas e ratos e depois iam para o lixo. Eu, penso, que se o impedisse de brincar com elas despertaria mais a curiosidade e percebesse que eram para comer e não para brincar.
Também não gosto que lhe ofereçam guloseimas, como assim, também não ofereci quando ele fez os 3 anos, fiz um bolo caseiro de espinafres, ficou um bolo verde que as crianças adoraram!
Mas, por muitas ações de sensibilização que se faça nas escolas, ou até mesmo pelas cadeias de supermercados e na televisão, passarão sempre ao lado de muitas pessoas! E, como educar é também dar o exemplo, eu tento dar o melhor exemplo ao meu filho!

Tica disse...

Olha Sofia, estou contigo nessa luta. Também não sou açúcar zero, mas em relação às miúdas quero ser eu a controlar o que comem. E até fiquei chocada com o que escreveste, porque eu também detesto dar doces como recompensa de bom comportamento, estou sempre a dizer que tenho filhas e não cães. Nunca pensei que em Portugal, as educadoras dessem assim gomas só porque sim, porque têm na escola e dão, muito mau. No Ciaq esses saquinhos eram dados aos pais, chegava a casa iam pró lixo. A Sara se comesse era só o bolo de anos. Nunca me queixei do Ciaq. Aqui em UK é como descreves, se fazem anos, distribuem as gomas pelos miúdos, até as caridades dão à escola para distribuir. Eu vou sempre buscar a Sara com uma peça de fruta e pão de cereais com manteiga de amendoim, e a regra é, come primeiro o meu lanche e depois uma goma. Tem resultado. Uma vez não deixei comer nada (passei-me de receber estas porcarias TODAS as semanas) e o resultado foi da vez seguinte comer o saco todo antes de eu chegar. Acaba por acontecer que depois, eu própria ao fim-de-semana não lhe dou nada, só nas festas e na escola já chega. Mas também já fui a aniversários aqui com bastante fruta, pão e legumes... e a festas em PT só com porcaria.
Mas pronto, pelos menos não lhes dão RED BULL como eu vejo a matar a sede dos bebés no parque... Aqui é tudo muito mau.