4 de outubro de 2016

E deixa-los sozinhos em casa?


Ainda a propósito do post anterior, sobre a autonomia das crianças, a Susana comentou que lhe custa deixar a filhas em casa sozinhas. Ora depois de ler o seu comentário, dei-me conta da grande lacuna que o meu post anterior deixou. Sem dúvida que uma das maiores provas de responsabilidade que uma criança pode dar é a de conseguir ficar sozinha em casa por breves momentos. Confesso que antes de destrancar a porta do carro (que ainda não o fizemos) ou deixar a criança brincar sozinha no parque, já deixei a minha filha mais velha sozinha em casa.

Recordo-me do dia em que fizemos o teste piloto, o primeiro, a nossa estreia. Ela teria uns 5 anos e disse-lhe que ia por o lixo e que ela iria ficar um bocadinho sozinha mas que me podia ver através da janela da cozinha (que ela não conseguia abrir). Para meu espanto e após algum receio inicial dela, ela concordou em ficar um bocadinho sozinha. Disse-lhe que seria uma jogo sobre coragem e que ela veria que ia superá-lo e assim foi. Quando cheguei a casa ela viu que realmente foi muito rápido e que nem teve tempo para ter medo! Ficou muito contente e eu aliviada por não ter caído na rua ou algo do género.

Depois deste episódio deixei-a mais uma ou outra vez para ir buscar o irmão mais novo à escola. É um tempo mais prolongado, mas correu sempre tudo bem e normalmente ou fica a ver TV ou faz os trabalhos de casa. Embora eu ocasionalmente deixe a minha filha sozinha em casa, isso já não acontece com o irmão mais novo, nem tão pouco quando estão os dois juntos. Julgo que não há ainda condições para que este passo seja dado porque uma criança de 4 anos é muito imprevisível e pode assustar-se e consequentemente assustar a mais velha e daí às coisas correrem muito mal é um passo minúsculo. Não há necessidade.

Aqui vem mais uma vez a questão da necessidade em oposição à independência da criança. Não tendo eu necessidade de deixar os meus filhos sozinhos, porque efetivamente os posso levar comigo, na verdade acho que em algumas situações em que eu veja que estão reunidas algumas condições especiais, posso com alguma margem de confiança, deixar a minha filha mais velha à sua responsabilidade. Custa e enerva bastante a primeira ou segunda vez, mas depois, o elo de confiança compensa o risco, risco esse bem assumido e controlado dentro do possível.

3 comentários:

Susana Neves disse...

Subscrevo a tua opinião, sem dúvida.

Vamos devagarinho, para os passos começarem a ser cada vez mais seguros :)

Cláudia Garradas disse...

Também já comecei a fazer isso... quando é preciso a avó levar a irmã ao ballet e não há mais ninguém em casa o mais velho já fica sozinho. É curioso que não se importa e até hoje tem-se portado muito bem... ir sozinho ao supermercado, que é ao virar da esquina, ou à padaria, já é mais resistente...

Acho que é importante para o crescimento deles dar-lhes responsabilidade e autonomia.

Obrigada pelas mensagens, sempre úteis e interessantes.

Cláudia

**SOFIA** disse...

Fico contente que gostem e se identifiquem. Digam sempre coisas, também me inspiram a escrever!

bjs