28 de dezembro de 2018

10 anos desta vida

No início deste mês fomos visitar os nossos amigos à Alemanha. Estava já tudo tratado há meses e pela primeira vez saímos do país sem os miúdos atrás. Os dias passaram devagar, entre mercados de Natal, passeios no parque, viagens de carro, cerveja e vinho quente, chocolates e bolos, muita conversa e descontração.
Neste mês o blog fez também 10 anos de escrita, ultimamente não muito periódica mas as coisas são assim mesmo. Quando no início há muito que contar, queremos que todos saibam das coisas, passados 10 anos, não há tanto a dizer, ou se calhar já não faz sentido dizer tanto... Uma das coisas que reparei nestes breves dias na Alemanha, foi na minha absoluta distração e perda de foco. Estar sem os miúdos, encontrando-me longe e com a certeza de que nada posso fazer por eles, sabendo também que tudo está controlado em casa, a minha mente ficou a trabalhar apenas a 30%. Fiquei lenta, fiquei um bocado totó e deixei-me ir um bocado na corrente "tá-se bem..." A fotografia que a nossa amiga nos tirou é por isso um retrato perfeito daquilo que fui nestes dias, um total desfoque e esta fotografia traduz bem aquilo que a maternidade provocou em mim, nestes útlimos dez anos. Em alerta permanente, ando todos os dias a planear coisas, a orientar vidas, a ralhar, a mandar vir, a corrigir, a motivar, a arrumar, cozinhar, estender, lavar, tudo, tudo e não para o meu cérebro... A maternidade não nos muda para pior nem para melhor, muda-nos simplesmente e quando nos alheamos brevemente desse estado de controlo geral, ficamos assim, eu fico pelo menos, meia absorta, meia à toa e por mim, tá-se mesmo bem!
Venham mais dez anos, certamente ainda mais desafiantes do que estes primeiros dez :)



Deixo-vos mais algumas fotografias desses dias de vaguear, sem horas para almoçar, comendo aqui e ali, sem grande destino...












14 de novembro de 2018

As nossas voltas por Lisboa

Depois da nossa manhã passada na companhia do IKEA, tivemos tempo para passear e abrir horizontes visuais das nossas crianças. Sempre que vamos a Lisboa os miúdos pedem imenso para irmos ao MAAT, já lá estiveram 3 vezes e cada vez que lá voltam é como se fosse a primeira, estou certa que este espaço os fascina por alguma razão para além das exposições.
A exposição OVERFLOW impressionou-os imenso. Idealizada por Tadashi Kawamata e realizada com materiais inteiramente recolhidos na costa portuguesa, a primeira reação deles foi que "se calhar exageraram na quantidade de lixo, oh mãe!", mas depois explicámos que na verdade havia certas zonas do nosso planeta que a situação era mesmo assim, um amontoado flutuante e que os peixes estavam a ficar cada vez mais enclausurados nestas armadilhas flutuantes. Já não bastavam as redes de pesca, agora o lixo torna-se verdadeiramente um problema de dimensões incríveis. As caras deles foram a reação pretendida pelo artista, estavam mesmo introspetivos e nada sorridentes, foi notório.

As restantes salas já foram encaradas de uma forma mais descontraída até porque nem sempre conseguimos explicar tão bem o conceito por trás de cada abordagem. Mas ao voltarmos à sala principal eles ficavam novamente mais pensativos... vale a pena la ir com as crianças.









Da parte da tarde continuámos com um passeio visual forte e negativo. Fomos à ruína do Restaurante Panorâmico de Monsanto e as reações das crianças são sempre incríveis. Estava um dia de chuva, nevoeiro e tudo ajudou para construir um cenário deveras deprimente. Primeiro entraram desconfiados, com a sensação de que os estaríamos a conduzir para uma situação proibida, mas a presença de um segurança fez rapidamente esquecer esta sensação de intrusão. Lá dentro explorámos todas as divisões, admirámos a cidade de Lisboa, pudemos falar da história de Marielle Franco e dos pormenores do painel do Vhils, também lhes falei do Miguel Januário e das manifestações MaisMenos. Eles adoraram, ficaram super impressionados com tudo aquilo, os graffitis, a destruição, mas acho que é fundamental expor as crianças a estes cenários, que embora controlados, são uma fiel demonstração da arte de rua, do vandalismo e do que pode ser feito para potenciar estes cenários.
Gostámos muito e recomendamos!












12 de novembro de 2018

Brincar para a Mudança


No passado sábado estivemos numa pequena reunião de crianças e pais para falarmos um pouco sobre a importância dos períodos de brincadeira no desenvolvimento das crianças. Cada faixa etária da criança tem características específicas no que diz respeito ao brincar, e penso que os meus filhos já passaram por todas e provavelmente vão manter algumas durante muito mais tempo.

Enquanto os adultos conversavam, as crianças distribuíam-se livremente pelas diferentes estações de brincadeira onde exploravam jogos em equipa, faz de conta, zona de leitura e desenho, zonas essas que também estão privilegiadas no concurso que também decorrerá este ano para a melhoria das zonas de lazer das escolas do primeiro ciclo. No ano passado uma escola de Aveiro venceu o primeiro lugar no concurso "Vamos Brincar na Escola" e este ano a competição regressa duplicando as hipóteses de ganhar, o que é excelente!

Foi uma manhã mesmo boa*** Obrigada IKEA :)










9 de outubro de 2018

Massa com Atum Hipster



imagens daqui

Quando eu era jovem e os meus dotes de culinária eram muito básicos, aquilo que me safava sempre era aquela especialidade universitária mais conhecida por Massa com Atum. Fosse eu uma pessoa prendada para a cozinha naquela época, assim como várias companheiras de casa que tive, e cozinhava belas bolonhesas, mas a minha cena era a massa com atum onde o tomate era daquele tubo concentrado e para aumentar a espetacularidade da coisa eu ainda acrescentava uma lata de cogumelos - tasty!!

Ora passados uns 20 anos destas aventuras posso afirmar com orgulho que a minha habilidade em pilotar um fogão aumentou exponencialmente. Eu agora sinto-me capaz de fazer tudo, embora peça sempre ao meu esposo* que leve a cabo tarefas como desmembrar coelhos ou frangos, que é coisa que não consigo de todo até porque me falta a força física para manusear o cutelo em segurança.

Quando comecei a cuidar dos meus filhos nunca me passou pela cabeça que depois de tantos anos a melhorar o nosso cardápio, que ainda havia de chegar o dia em que nada houvesse na dispensa e que eu teria de abrir uma lata de atum e cozer uma massa para salvar a minha reputação de mãe organizada. Mas a verdade é que há dias em que tudo falha. Na verdade não é bem uma falha, é mais um conjunto de falhas: não apetece cozinhar, não apetece ir ao supermercado, não apetece pensar, não apetece comer fora. Quando todos estes factores acontecem, eu abro o armário e saco da lata do atum e o assunto está tratado - Massa Com Atum para todos e ninguém reclama!

Claro que hoje já não há pasta de tomate concentrado na minha porta do frigorífico, nem latas de cogumelos, mas sim tomates de vários formatos e quase sempre cogumelos frescos, um bom refogado por vezes até com um toque de cerveja e ervas aromáticas que se juntam alegremente no tacho. É uma espécie de Massa com Atum hipster, digamos assim :D  uma refeição ranhosa mas com um certo tuning, estão a ver.

Quem nunca?...


* ele cozinha quase sempre, mas quando é a minha vez, também o chamo :D


1 de outubro de 2018

Pockets para o lanche


Ainda no seguimento do início das aulas, este ano tenho de fazer lanches para os dois levarem para a escola. Embora já me tivessem falado nas saquetas para embrulhar os lanches como uma boa alternativa para acondicionar os pães, a verdade e que “comprar mais tralha” nunca está nos meus planos. Pensei sempre que, enquanto tiver celofane ou folha de alumínio não compro mais nada. No entanto, com esta nova rotina, o consumo destes materiais obviamente duplicou e rapidamente concluí que deveria pelo menos experimentar os pockets. Lá comprei e a verdade é que para o lanche deles funciona mesmo bem. Os pockets que eu comprei são feitos em material impermeável o que também ajuda a conservar o pão, a dobragem também é  básica e por isso os miúdos facilmente se adaptaram sem deixar cair a outra metade do pão ao chão - o lanche deles é sempre um pão cortado ao meio para a manhã e à tarde (entre outros acompanhamentos como fruta). Claro que este formato não se adapta a um cacete mas para uma carcaça ou pada é ideal.
Embora eu tenha sempre aquela resistência em comprar “mais uma coisa” e que está acabe esquecida numa gaveta, a verdade é que neste caso a aposta nestes materiais parece mesmo resultar! Fica a dica!

24 de setembro de 2018

Ainda hoje é só segunda-feira!


Começou hoje a segunda semana de aulas e as coisas têm corrido dentro do esperado.
Ela segue os dias sempre animada como se não tivesse havido férias, não há nostalgias, não há desculpas, recomeçou a escola como se o fim do ano fosse outro dia.
Ele, por outro lado, já teve uma abordagem um pouco diferente mas também não posso dizer que não estava à espera de outra coisa: resistência a ficar na escola, choro e muita angústia perante esta nova realidade. Chega à escola e observa o pátio enorme, os miúdos todos soltos de idades misturadas. Não vê os colegas, conhece pouca gente e não fica à vontade, tive mesmo de o levar à porta da sala numa ocasião. Mas como tudo há tempo de espanto e tempo de hábito e vejo que lentamente a rotina começa a instalar-se.

A minha segunda semana começou menos bem, atabalhoada até. Agora a correria matinal obriga-me a despachar dois filhos, dois lanches, duas escolas e um breve instante de distração fez com que eu tivesse cortado os pães deles e depois os embrulhasse sem os ter recheado com a manteiga ou o amendoim do costume! Comeram pão seco ao lanche e quando os fui buscar reclamaram e com justiça que acharam o pão muito estranho :D

Ainda hoje é segunda-feira e eu já ando desta maneira, o que me reservará todo este ano!

23 de setembro de 2018

The Minimalists - o documentário



Este fim-de-semana vi este documentário e gostei muito.

Como é possível ser tão infeliz quando se tem tudo? É esta a questão que os personagens principais deste documentário se colocaram antes de se dedicarem ao minimalismo. Tinham sucesso, tinham carreiras brilhantes, ordenados fabulosos e consumiam imenso, mas no fim a insatisfação invadia-os invariavelmente. O documentário é basicamente sobre o consumismo, a publicidade, os efeitos que as plataformas digitais têm no consumidor. A sensação de insatisfação por não termos o modelo mais recente de um telemóvel, as coleções de fast-fashion que se renovam semanalmente, o estilo de vida que muitos querem copiar porque é esse estilo que é o ideal. Tudo isto acaba por ser extremamente saturante e cansativo.

Cá em casa temos um modo de viver muito normal, quase poderia ser minimalista, mas não é bem assim, porque tendo crianças isso é mesmo difícil, mas não impossível! Desde a altura em que vivemos os quatro num apartamento muito pequeno que ganhei o hábito de não comprar nada que não fosse para substituir outra que se estragasse. Um casaco de inverno que vinha substituir outro que se gastou, um eletrodoméstico que ocupou o lugar de outro avariado, um creme para o rosto que vem substituir o anterior que terminou. Eu não tenho prateleiras cheias de cremes, perfumes, ténis, gavetas cheias de lenços, os meus filhos têm apenas um par de ténis de cada vez e um casaco de inverno, não nos faz falta ter mais. Se eu antes tinha um emprego melhor remunerado e desisti dele para uma vida mais simples e com um ordenado bem mais modesto, posso dizer que sou efetivamente mais minimalista do que era com vinte e tal anos. Mas sou também muito mais feliz assim nesta simplicidade, porque efetivamente não me aborrece ter de decidir todos os dias o que vestir porque não tenho dezenas de opções tenho apenas algumas e a sua rotação frequente não me incomoda minimamente, até facilita!

Vivendo com crianças os ajustes são um pouco mais difíceis, porque eles crescem e temos de comprar coisas com mais frequência, no entanto, a troca de roupas entre amigos e familiares consegue colmatar muito bem a necessidade de consumir coisas novas! Mas uma necessidade efetiva é bem diferente de uma necessidade provocada por um impulso de "ter a última versão daquilo", seja uma saia, seja um telemóvel ou mesmo um carro ou uma casa. Com os brinquedos a questão é muitíssimo mais simples, resumem-se as compras ao natal e aniversários e estamos conversados; o resultado é haver poucos brinquedos cá em casa, mas o facto é que eles brincam quase sempre com as mesmas coisas. Recebem presentes mas ao fim de uma ou duas semanas andam novamente a montar LEGOS ou a atirar bolas pela casa.

Se vivem com ansiedade vejam este documentário e depois olhem bem à vossa volta. Avaliem se o que têm vos traz mesmo felicidade ou se podem desfazer-se dessas coisas. Da minha experiência, sempre que me dá a febre de destralhar, a sensação de liberdade é mesmo muito grande! Fica a dica, eu vi o doc na Netflix, mas acho que no Youtube também devem conseguir ver na íntegra.


Project 333 - também é muito interessante e desafiante! - https://bemorewithless.com/project-333/



21 de setembro de 2018

22 de setembro - dia da mobilidade




No dia 22 de setembro assinala-se o Dia da Mobilidade ou o Dia Europeu sem Carros, eu por mim andava sempre a pé, ou de bicicleta, porque aborrece-me imenso andar de um lado para o outro carregando um automóvel que tenho de estacionar, que tenho de engrenar mudanças, abastecer, limpar etc e tal, que vocês bem sabem o que a casa gasta. Morando numa cidade pequena não dá muito jeito andar de transportes públicos, tudo é demasiado perto para ficar à espera de um autocarro, por isso, o carro acaba sempre por ser mais conveniente para distribuir filhos e amigos dos filhos, ir a um cliente, fazer um supermercado no intervalo do almoço, é um facto que não posso também negar.

Ainda que durante a semana andemos de carro, é raro o fim-de-semana em que não damos uma volta grande de bicicleta pelas ruas da cidade. Os miúdos adoram, pedem sempre e quem lê este blog sabe que é mesmo assim :)
Durante as férias abriu aqui em Aveiro um troço de passadiços que liga a Ribeira de Esgueira a Estarreja através dos campos da ria. Houve então um dia, bastante nublado, diga-se, que saímos de casa só para ir conhecer e quando fizemos contas reparámos que só nesse dia pedalámos cerca de 20km com as crianças. Sabem quantas vezes se queixaram? Nenhuma! (no dia seguinte já estavam a pedir para irmos de novo). Pois que este passadiço é uma óptima sugestão para o dia da mobilidade para quem anda por estas bandas, a pé ou de bicicleta a paisagem é bonita, tudo é silencioso e introspetivo. A largura do passadiço acomoda bem dois utilizadores que se cruzem e é um caminho que as crianças vão gostar de certeza absoluta. No dia em que fomos, por acaso apanhámos a maré vazia, no entanto, já soubemos que na maré cheia o passeio pode ser um pouco mais "emocionante" porque a água chega mesmo muito perto da construção e como as proteções são apenas umas cordas, pode dar-se o caso de uma criança pequena ficar um pouco mais exposta ao perigo de se desequilibrar e até cair!
De qualquer forma fica a dica para um dia que se quer com o mínimo de deslocações automóveis, no final todos agradecemos.

20 de setembro de 2018

Saudades das férias


As nossas férias resumiram-se ao mês de agosto, finalmente veio o calor e nós fomo-nos embora por uns dias. Foi muita piscina, muita praia, jantar e almoçar fora de horas, alguns sustos pelo meio mas sobretudo foi o acumular de mais memórias felizes.
Regressámos à nossa Manta Rota, que não desiludiu, bem como a Cacela Velha onde os miúdos brincaram à sua vontade entre o mar e a ria tão quente.










Depois de tanta natureza e sal, fizemos uma breve paragem em Lisboa para passear e absorver muita informação. Fomos ao LxFactory, à exposição do Escher, Aquário Vasco da Gama e Pavilhão do Conhecimento, entre o alternativo e o surrealista, entre o antigo e o contemporâneo os miúdos ficam maravilhados em todos os contextos pois tudo os surpreende e compreendem bem tantos opostos visuais.
Para nós fica a certeza destas excelentes apostas que os fez crescer imenso em tempo de descanso da escola.










Foram dias que deixaram muitas saudades e que não vemos a hora de chegar o próximo verão!