A bruxa da era moderna

Após horas de clausura resolvemos dar uma volta para distrair um bocado, assim foi.
Quando regressávamos ouvimos uma voz atrás de nós que dizia: "ai que menina mais linda..." virámo-nos para trás e sorrimos, o normal. Depois a senhora, com idade para ter juízo continuou: "olha menina linda, não queres vir comigo para minha casa?", "tão linda que és, tenho lá muitos brinquedos para tu brincares..."; "é que já há muito tempo que ninguém brinca com eles coitadinhos".
Enfim, claro que eu prefiro encarar isto como conversa de circunstância, uma banalidade vá, mas o facto é que daqui a uns anos a minha filha é capaz de andar sozinha na rua e poderá ser abordada novamente por uma criatura deste tipo, mas com más intenções. Durante aquele bocado eu fui incapaz de dizer uma palavra, primeiro porque estava atenta/pasmada com o que ela dizia, depois via a minha filha a dirigir-se a ela e por fim lembrei-me que também eu já levei com este tipo de conversa quando era pequena e para qual sempre fui alertada para NUNCA me dirigir a estranhos.
Acredito que a senhora não tivesse qualquer segunda intenção mas o facto é que aquilo despertou em mim uma certa repulsa.