Olhando ao universo infantil, divido-o em dois mundos: o vestuário e os brinquedos. Ambos são essenciais à vida e desenvolvimento da criança, ambos têm uma vida curta porque perante um dos mundos a criança cresce e no outro o seu desenvolvimento cognitivo evolui. O resultado disto é uma quantidade enorme de objectos obsoletos que temos em nossas casas e a verdade é que pouco podemos fazer para fugir a isso; fugir à compra para substituir. Podemos é certo comprar roupas baratas, quase descartáveis, roupas enormes, roupas versáteis (vestidos que "viram" blusas) ou roupas extraordinárias (normalmente caras!) que servem as nossas crianças e os seus irmãos e outros primos e quiçá amigos! (cá em casa optamos por todos estes estratagemas anteriormente citados, sendo que invisto em "roupas extraordinárias" apenas em época de saldos)
Quanto aos brinquedos é um mundo que me fascina, há uma infinidade monstruosa de brinquedos e publicidade associada. Em criança havia muitos brinquedos lá por casa, éramos 3 crianças de idades muito próximas, sendo assim, era inevitável que eles abundassem, no entanto, os presentes só vinham nos aniversários e Natal, só. Cá em casa seguimos a mesma máxima, só abrimos exceções aos livros porque estes são essenciais, ocupam pouco espaço e têm múltiplas interpretações à medida que a criança cresce. Brinquedos de plástico que apitam, tenham vozes ou luzes e que irritem eu não compro, mas eles existem cá em casa e não tecerei mais comentários sobre eles. Os brinquedos que nós gostamos de comprar são aqueles que todos nós já tivemos, Legos e Playmobil, puzzles de cartão, animais fieis aos reais, alguns peluches (quase sempre IKEA) e brinquedos de madeira. Os meus filhos, até ao momento, já têm uns poucos brinquedos deste tipo, desde rocas, cubos, blocos, comboios e claro o cavalinho de pau.
no natal em que ela recebeu o cavalinho, com quase um ano e meio;
o comboio de madeira (2010)
o cavalinho em "sofrimento" :))) (Fevereiro 2012)
Eu até posso estar enganada mas quase posso apostar que este cavalinho, de todos os brinquedos que há cá em casa, será um dos poucos a sobreviver até à idade adulta dos meus filhos, a não ser que o estraguem irremediavelmente ou que o ofereçamos a outra criança da família. É um objeto que não se tornará obsoleto, pois tem sempre lugar cativo em muitas brincadeiras que se passam cá. Se no início, em 2010, era para baloiçar de manhã à noite, hoje em dia o cavalinho transforma-se em casa/tenda da bicharada que para aí anda. Já o vimos também muito bem tapadinho a dormir a sesta e a tomar um café, enfim, a imaginação da minha mais velha está ao rubro aos 3 anos e meio...
É por estas e outras experiências que eu acredito piamente neste nosso projeto, Carrossel, eu acredito que os brinquedos devem perdurar, que não os devemos comprar por comprar, que devemos imaginá-los em plena acção mas também serenos a integrar a decoração da nossa casa. O cavalinho fica tão bem no quarto das crianças como no meio da sala ou na varanda ou no corredor, faz parte da mobília por assim dizer :) Eu nunca tive um cavalinho de pau, nunca calhou, tive outras coisas, bastante comerciais até, mas hoje, devo dizer, que o projeto Carrossel nos permite fazer um exercício diário sobre aquilo que verdadeiramente queremos para os nossos filhos e de certa forma, também para nós, porque ainda outro dia fomos crianças e hoje ainda brincamos e queremos brincar bem.
4 comentários:
Assino por baixo!
Tens aí uma bela fotografia para este projeto:
http://kidswerehere.marianamegre.com/
Aliás, com a Leonor nesta fase, deves ter uma infinidade delas.
Beijinhos!!
Olá Sofia!
Identifico-me muito com algumas partes deste texto, tenho uma visão semelhante sobre os brinquedos. Detesto tralha, luzinhas, plásticos e penso que o interesse dos nossos filhos por estes objectos também é muito limitado. Qualquer conjunto de tupperwares da minha cozinha com algumas colheres de pau consegue fazer o mesmo efeito (ludico, entretimento, aprendizagem) e ainda por cima serve para outros fins, não tendo de ir de imediato para a reciclagem.
Já em relação às roupas gosto de me esticar um pouco mais, mas isto é assunto para outra conversa :)
Bjs e bom blog
Daniela (RA)
Concordo absolutamente com tudo, claro!
E diria mais, não só estes objectos com obsolescência programada se tornam obsoletos por substituição, como por auto-destruição ou deterioração. Simplesmente não duram muito tempo, quanto mais anos! Ou resistem muito mal. E cada vez mais é assim!
Vivam os brinquedos tradicionais!
Actualmente, parece que tudo é assim, feito apenas a pensar no curto prazo. São as coisas, são as relações, são as atitudes, enfim.
Cá em casa a tralha acumula-se. Brinquedos duradouros há poucos. Também penso nisso, que brinquedos recordarão as minhas filhas quando forem adultas se o que adoram este mês já não se lembram dele daqui a dois meses?
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