Há quase duas semanas levei-a ao ballet como o costume, mal entrámos no carro disse-me que não queria fazer a aula. Não dei grande importância. Quando já estávamos no balneário voltou a dizer que não queria fazer aula, que preferia ir-se embora e ficar comigo,...
A minha primeira reação foi de ficar irritada, tentei convencê-la, distraí-la, mas aos poucos libertei-me e pensei para comigo que o que eu estava a fazer não fazia sentido nenhum. Naturalmente que devemos encaminhar os filhos para aquilo que temos a certeza que os faz feliz, e o ballet fá-la imensamente feliz, mas pensar que estamos a desperdiçar dinheiro numa aula que não é feita também nos cruza o pensamento. E se ela nunca mais quisesse ir ao ballet? Quanto tempo devemos insistir com a criança para ela fazer aquilo que nós queremos? Deveria eu forçá-la até às lágrimas (algo que se vê com frequência)? Naquele quarto-de-hora passaram-me várias coisas pela cabeça e por fim cedi ao pedido dela, sem nunca lhe ter ralhado ou lhe dizer algo que a fizesse sentir remorsos. A última coisa que eu queria era que ela ficasse cismada e nunca mais quisesse fazer algo que gosta tanto.
Na semana passada regressámos à escola e tudo aconteceu como sempre, com o entusiasmo do costume ela vestiu-se e foi a correr para a aula. Senti um grande alívio, ela continuava a gostar da dança e o episódio anterior foi apenas um percalço, uma indisposição.
No meio disto vejo que eu ando a fazer pequenos progressos, tento ser mais flexível e arranjo maneira de resolver estes conflitos de forma mais pacífica tanto para mim como para ela (e todos). Acima de tudo quero que os meus filhos saibam que podem sempre contar com a minha opinião, seja ela positiva ou negativa; quero que me digam sempre, e sem medos, o que querem ou não querem fazer. O meu objetivo é que eles tenham a noção que eu posso autorizar e não autorizar determinada coisa e que vale sempre a pena pedir, porque a sorte pode efetivamente estar do lado deles.
Estas fotografias nada têm que ver com o acontecimento do ballet, no entanto, eu fui com a minha filha dar uma volta numa montanha-russa (basicamente empurrei-a para o desconhecido). Eu sabia que ela ía ter medo quando terminasse a primeira volta e isso aconteceu, mas nesse momento eu fiz-lhe ver que estava tudo bem e que ela podia contar comigo, que devia confiar na minha palavra. No fim da viagem ela estava um ligeiramente "aterrorizada", mas depois fomos dar uma volta e ela distraíu-se. Já em casa disse-me "mamã quando é que voltamos à lagartinha?" - alívio!!. Confesso que fiquei ligeiramente preocupada por ter insistido em levá-la à montanha-russa (era pequenina, vá), mas tal como na situação do ballet, eu tinha a certeza absoluta que no fim, ela iria adorar. E de facto adorou.
Missão cumprida!
:)
10 comentários:
Grande maluca!!! :)
És inspiradora!
A minha filha adora essa lagartinha que costuma estar no Algarve no Verão (Será a mesma?).
Quando a minha me disse que não queria ir ao ballet (sim, também já aconteceu), tomei a mesma posição. Chegou a não ir um dia. Depois perguntei-lhe se queria desistir (para que é que havia de obrigá-la, se o primeiro objectivo era proporcionar-lhe diversão?) e ela disse que não, mas percebia que ia com pouco entusiasmo. Até que a professora mudou e passou a ser a melhor coisa que lhe podem dar.
Intuição de mãe é bala :)
bjinhos
Nós também estamos a aprender a ser mães ;) E temos de aprender a ser flexíveis com elas eu tenho vindo a aprender isso cada vez mais com os meus.
Beijinhos
Estas taooooo atenta e consciente! Brutal!! Obrigada por partilhares!!
Obrigada pelo vosso feedback, este foi um ddaqueles textos que quase nao foi publicado porque não encontrava as palavras certas e porque ainda tenho algum receio de por algumas atitudes minhas, ser mal interpretada.
Obrigada por me lerem! !
eu não consigo pensar assim nestas coisas tão conscientemente =))) e escrevê-las então... esquece! =)
Essas decisões é que são difíceis... e a nós também nem sempre nos apetece tudo. Ter o mimo da mãe também é bom. :) e se calhar, nessa semana estava a precisar de mais mimo! :)
os desafios da maternidade...
partilho desta opinião contigo. temos que ceder, ouvir e aprender com eles. nada é definitivo, nem as nossas opiniões.
lindas fotos de mãe e filha juntinhas. adoro
Boa Sofia!
Ser mãe é mesmo fogo. Não é só o que não devemos fazer mas muito o fazer o que nos compete. Incentivar, quase dar um empurrãozinho, às vezes tem de ser para não os deixar paralizar com o medo. E ceder quando assim tem de ser... um passo atrás para poder seguir em frente ;)
Parabéns!
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