Acho que é preciso falar disto porque, a mim admito, aborrece-me imenso esta história dos TPCs "só para eles não se desligarem totalmente da escola".
Ora bem, eu não sou contra os TPCs, toda a minha santa vida escolar fiz imensos e não me choca ver os miúdos fazê-los. Mas uma coisa é uma fichita de português e outra de matemática, uma coisa singela, uma tabuadazita, não dói, não fatiga e não esquecemos a escola, verdade? Outra coisa são 10 páginas cheias de perguntas, tabelas, textos para redigir e no fim "Boas Férias!".
Boas Férias?
Boas Férias? Fala sério!!
Cá em casa, nem eu, nem o meu esposo fomos daqueles alunos que chegavam a casa e iam logo fazer os deveres a correr para depois ir brincar. Sempre tivemos de ser mandados, lembrados, chocalhados e julgo que essa tendência é genética porque embora obriguemos (e acompanhamos) a nossa mais velha nos deveres, a verdade é que ela nem que fosse subornada fazia os trabalhos por iniciativa própria. Às vezes lá calha de se lembrar que tem de fazer uma ficha ou estudar uma partitura, mas é coisa rara. Posto isto, as nossas férias de Natal foram um pequeno inferno, obrigadinha!
Eu deixei a coisa andar, na esperança de ver a iniciativa da parte dela, mas a verdade é que esse dia não chegou. Lá andei eu de volta "faz os deveres" em loop, que massacre, até ao último dia de férias.
Professores deste meu país, bem sei que querem o bem supremo dos vossos alunos mas digo-vos em boa verdade:
Eles não vão saber mais por terem 500 fichas por fazer.
Eles não vão saber mais depois de um dia de aulas até às 17:00 e ainda terem de fazer um texto criativo, ou uma lista de contas de subtrair com empréstimo.
Eles também não vão saber mais se tiverem um fim-de-semana inteiro a converter numeração romana-árabe-romana.
Embora nas férias haja aquela ideia de que há muuuuito tempo para fazer os deveres, a verdade é que não é bem assim... Os pais não tiram duas semanas de férias, hellooo!, os miúdos têm de ser despejados num campo de férias qualquer onde não vão levar os deveres. Depois há toda uma agenda familiar que é PRIORITÁRIA a qualquer subtração ou multiplicação ou resumo. E tudo isto somado chega-se ao último dia de férias e aquela nuvem negra que é a obrigação de fazer as fichinhas não sai do nosso horizonte.
Quem me dera que a minha filha fosse como aquelas crianças que chegam logo a casa e despacham tudo e se calhar ainda queriam mais, mas infelizmente ela é daquelas mais normais...
Professores deste meu país, pensem bem nestes cenários OK! Tenho a certeza que não somos uma excepção...