22 de agosto de 2009

O Parto

Diz hoje na revista do Expresso:

"40 horas em trabalho de parto foi o que Adelaide de Sousa teve que suportar até dar à luz o seu primeiro rebento, Kyle. A actriz e apresentadora, de 40 anos, decidiu-se por um parto em casa, mas ao fim de tanto tempo viu-se obrigada a recorrer ao hospital, onde lhe foi feita uma cesariana. O bebé, que nasceu com 3720g, encontra-se bem de saúde, tal como a mãe."

Gostava de fazer um post sobre o parto.
Antes da Leonor chegar eu tinha a opinião certa de que ia fazer cesaria e não se falava mais no assunto. Esta minha opinião era baseada no simples facto de hoje em dia não ver justificado o sofrimento durante horas e horas a que muitas mulheres e crianças estão sujeitas. O meu maior medo em relação ao parto natural era de facto o sofrimento, pois é algo imediato e que temos a certeza de que irá acontecer, depois havia o medo das lesões no bebé por não ser capaz de colaborar correctamente.
A minha opinião começou a mudar quando fui para o curso pré-parto, e tanto foi dito que as mulheres não devem ter medo, e que são leoas na sala de parto, e que a força vem, que eu comecei a achar que talvez fosse capaz de ser como todas as mulheres, com força e muita coragem.
Decidi então acreditar que "ok, esta criança vai nascer de parto natural" e durante as últimas semanas comecei a concentrar-me para o grande acontecimento. No dia do parto, quando comecei imediatamenete com contrações fortes e seguidas, dirigi-me ao hospital e assim que pude falar com o médico anestesista pedi-lhe que me aliviasse as dores e depois ele podia explicar o que ele entendesse. E assim foi :)
Anestesiou-me as costas e aplicou a bentida Epidural, de seguida explicou-me que no monitor eu poderia ver as contrações chegarem e desaparecerem, mas que não as iria sentir. A partir daquele momento eu vi o céu, tudo mudou, e daquela forma pude respirar tranquilamente durante 5 horas, falar com o Rui sobre a revista do Público e ser examinada ocasionalmente. O que deveria ter acontecido a seguir era que uma meia-hora antes da Leonor nascer, ele aplicava uma dose ligeiramente mais forte de Epidural mas que eu iria continuar a ter sensibilidade para puxar. O que aconteceu, foi que a Leonor nasceu duas horas mais cedo do que o previsto e ele não veio a tempo de aumentar a dose. Resultado, puxei como uma Leoa 3 vezes com o joelho junto ao peito e a pequena saiu de mim sem eu quase dar por ela. Foi um momento sublime, confesso. Não senti dores, senti apenas uma massa escorregadia e era tudo a rir a dizer "força, força, já cá está" e eu chorei porque consegui atingir o meu maior objectivo, trazer ao mundo uma criança saudável.
Depois da minha experiência acho ainda mais incrível e estranho como há cada vez mais mulheres que não querem Epidural, que pretendem ter os seus filhos em casa. Posso dizer que adorei fazer um parto natural, mas isso se deveu a diversos factores tais como confiar na equipa que me assistiu, ter uma criança pequena e nunca deixar de pensar que estamos no séc. XXI e que tudo se resolve.

7 comentários:

carla disse...

Acima de tudo a ciência está cá para nos ajudar, e nós fazemos a nossa parte ;-)
Ainda bem que acreditaste em ti, porque agora tem esta bela história para contar, na primeira pessoa.

Tica disse...

tas cheia de razão e essa história da Adelaide de Sousa é revoltante, porque a criança teve ictericia, ou seja desenvolveu uma infecção por o trabalho de parto ser tanto tempo e a mãezinha dela já tem idade para ter juízo e ter ido logo para o hospital, pois na hora do aperto e da necessidade que se lixe a natureza, quer-se é a ciência a salvar o nosso bebe! no teu caso foram as 2 coisas a acontecer, natureza e ciência, e já lá estavas caso algo acontecesse, não ir para lá porque algo já estava a correr mal, como no caso da Adelaide, só a pensar na puta da natureza e o bebe já a ter problemas (sorry, mas esta noticia irritou-me e até no comboio falámos sobre isso), tem tantas manias estas vedetas que perdem o tino

carla disse...

Eu lembro-me quando o meu sobrinho nasceu (ok, já foi ha 10 anos, as coisas podem ter mudado), a minha irmã estava a considerar a clínica ou o hospital, e a médica que a acompanhou na clínica disse-lhe logo, que ela ia ter um excelente acompanhamento na clínica, mas se alguma complicação de maior surgisse durante o parto, ela seria logo transferida para o hospital... Claro que o meu sobrinho nasceu no hospital.

ines disse...

No caso da Adelaide de Sousa acho que quem esteve pior nem foi a apresentadora, que foi irresponsável e totalmente imprudente. Acho que quem a acompanhou ainda esteve pior e foi verdadeiramente pouco profissional.
A começar na médica obstetra que permitiu que uma mulher de 39 anos (acho que são 39...) tivesse a fantasia de ter o seu primeiro filho em casa. Primeira gravidez de risco, não é caso para aventuras e modernices.
Seguindo na parteira, escandaloso! Que bom profissional permite que uma parturiente ao fim de 8, vá 12 horas de parto não siga directamente para o hospital, ainda por cima se se trata de uma primeira gravidez aos 39 anos?
Mais, deixa chegar a situação às 40!!!! horas de parto! Não me venham dizer que estava a seguir a vontade da mãe! Este argumento é inaceitável! Mas que vontade própria tem uma mulher que está em trabalho de parto há 40 horas para ter o seu primeiro filho? Que sabe ela sobre partos, se nunca teve um ela própria nem tem experiência noutros? Que sabe ela se está em pleno sofrimento?
Quem manda no parto são os profissionais de saúde, o papel da mãe é o de fazer o possível por ajudar quem ajuda o seu filho a nascer!
Essa conversa do "a mamã é que sabe" "humanizar o parto" lálálá é conversa fiada e sobretudo perigosa.

miriam disse...

basicamente tiveste sorte :D comigo não deu tempo para nada, nem epidural nem episiotomia e o jaime nasceu com 3.820 kg!!... mais um bocadito do que a leonor ;) por isso imagina o resultado. nasceu em 3 contracções mas senti tudinho. dói muito mas passa, o pior é mesmo os pontos :s

Tica disse...

e mai nada!

Marta Mourão disse...

Bendita epidural. Sou totalmente a favor. Para quê sofrer? Actualmente já não há necessidade nenhuma de passar as passas do Algarve.