13 de junho de 2012

trabalho é trabalho, cognac é cognac


Esta minha gravidez tem muitos pontos em comum com a anterior, sobretudo na parte evolutiva, não sofri de nenhum mal-estar exagerado, não sofri de nenhuma maleita, e agora no fim o corpo começa a ceder ligeiramente ao peso e ao calor, mas é apenas algo transitório e perfeitamente suportável.

Porém, existe um factor que está a marcar uma grande diferença: a minha situação laboral. Se antes era trabalhadora por conta de outrém e estava integrada numa empresa fora da minha cidade de residência, desta vez estou a trabalhar na minha empresa que geograficamente está pertíssimo da minha casa. Tenho uma vida bem mais tranquila e isso permitiu-me abdicar da baixa médica que normalmente é atribuída no final da gravidez e que a minha médica já me perguntou se eu queria. Se da outra vez vim a toque de caixa para casa pelas 33 semanas, agora, às 37 ainda estou ao serviço e pelo escritório estarei até me mudar para o hospital. Garanto-vos que isto é a Felicidade, poder continuar ativa profissionalmente mas de uma forma mais relaxada e algo descomprometida. Quando da última vez estive de baixa, souberam-me muito bem os primeiros dias, eu estava efetivamente muito cansada, cheia de dores ciáticas e a primeira semana foi boa, relaxava todo o dia entre o sofá e a cama. No entanto, passada essa semana inicial já me maçava estar trancafiada em casa e essa é a maior desvantagem da baixa médica. Eu só tinha ordem de soltura para consultas e fora do horário de expediente normal, e isso era motivo de stress para mim. É suposto uma grávida sair, caminhar, respirar e distraír-se, no entanto, estando de baixa é obrigada a ficar em casa durante todo o dia, e isso é quase como que uma prisão domiciliária - e eu não estava com baixa de risco. Da outra vez só ignorei estas regras às 39 semanas, quando todos os dias fui peregrinar para a praia, e ainda assim ía sempre com a ideia da inspeção da SS (segurança social), felizmente nunca apareceram e livrei-me de uma série de justificações. Ao contrário daquela época, os meus dias têm sido divididos entre o trabalho no gabinete e quando o cansaço aperta fico por casa, vou orientando umas coisitas, respondo aos e-mails dos clientes, tudo ao ritmo de alguém que já não deve ficar nem muito tempo sentada, nem de pé, nem deitada e nem a caminhar, mas que deve fazer tudo isto de tempos a tempos.

Uma grávida, como todos sabem, não é uma pessoa doente, é sim, uma pessoa fisicamente mais limitada e que se cansa mais facilmente. Quando vou para o escritório tenho de descansar um bocadinho, mas passado um bocado, já estou a bulir no computador e em plena atividade intelectual. Creio que seria uma mais-valia para as empresas se estas pudessem acordar com as suas grávidas um horário mais flexível, onde não fosse necessária a baixa médica e que em simultâneo a mulher pudesse ter maiores momentos de descanso e ainda assim manter-se ativa profissionalmente.

Sou uma felizarda, é o que é.

4 comentários:

Carla R. disse...

Como deve calcular estou completamente de acordo, inteligência e flexibilidade não pode dar resultados negativos. Ainda bem que és felizarda e esperta !

Marta disse...

Infelizmente por cá os "patrões", na sua maioria, têm um mente muito fechada. Essa é a visão certa e eficiente mas até "parece mal" fazer algo assim. Mesmo quando as chefias são mulheres, existe muito preconceito em beneficiar uma grávida.
Enfim, ainda bem que a tua realidade mudou e para melhor e usufruis desta gravidez em pleno.

Catarina disse...

Concordo, assino por baixo e como também fui uma dessas felizarda sei perfeitamente o que estás a sentir... é realmente um privilégio! beijinho

Anónimo disse...

o médico pode passar a baixa e declarar que o utente pode sair de casa, é só o utente pedir.